terça-feira, 6 de dezembro de 2011

À medida que...

À medida que me perguntam, vou respondendo o que consigo pesquisar...

Não existe a expressão à medida em que.

À medida que é uma locução conjuntiva (= mais de uma palavra valendo por conjunção) proporcional (com ideia de proporção). Logo, essa locução pode ser substituída por “à proporção que”. Uma oração que contenha “à medida que” é subordinada à principal e mantém uma comparação de igualdade, de aumento ou de diminuição com esta. Conferindo:

À medida que nós subirmos, ficaremos mais cansados, porque o ar é rarefeito.

À medida que envelhecia, entendia melhor seus pais.

Na medida em que é uma locução conjuntiva causal (= mais de uma palavra valendo por conjunção, neste caso, de causa). Portanto, haverá noções de causa/consequência ou efeito nas orações que apresentarem tal expressão. Esta expressão é substituível pelas equivalentes “uma vez que”, “porque”, “visto que”, “já que” e “tendo em vista que”. Conferindo:

Conseguimos entender melhor a língua materna, na medida em que lemos bons textos de jornais, revistas e livros a cada dia. (tendo em vista que)

Ou: Porque lemos bons textos de jornais, revistas e livros a cada dia, conseguimos entender melhor a língua materna.

Na medida em que convivemos com pessoas, tornamo-nos mais maduros.
Ou
: Tornamo-nos mais maduros porque convivemos com pessoas.

ASSIM: Ou se usa à medida que, correspondente a “à proporção que”, ou se usa na medida em que, equivalente “a tendo em vista que”.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Música de poema

Recebi do músico Dimitri Cervo (penso que todas as outras atribuições se resumem nesta, de tão bela que é a tarefa dele) a notícia de que o poema "Renova-te" está musicado.

Descobri outras maravilhas a partir dessa notícia e não posso deixar de registrar aqui.

Talvez dizer que muitas "soluções em língua portuguesa" e que muitos entretexos se completam e podem ser encontrados pela linguagem musical não seja paradoxo, mas uma verdade... uma misteriosa e bela verdade...

A plasticidade do som , especialmente o da música clássica, valem as mil palavras e outras milhares e milhões mais... assim como as imagens que podem condensar tanto sentimento e emoção...

Eis o endereço desse e de outros belos momentos "entre outros textos", musicais:

domingo, 30 de outubro de 2011

Entretecendo...

Renova-te

Renasce em ti mesmo

Multiplica os teus olhos, para verem mais

Multiplica os teus braços para semeares tudo

Destrói os olhos que tiverem visto

Cria outros, para as visões novas

Destrói os braços que tiverem semeado,

Para se esquecerem de colher

Sê sempre o mesmo

Sempre outro. Mas sempre alto

Sempre longe

E dentro de tudo".

(Cecília Meireles)

MATANDO A CURIOSIDADE SOBRE A LÍNGUA PORTUGUESA

Estas anotações vêm de perguntas que me fizeram em dias passados e que geraram algumas buscas.

As respostas, quero compartilhar !

Acha estranha a palavra enfezado? Quer saber de onde ela vem, afinal?

Este adjetivo, segundo o Aulete Digital, pode significar:

1. Que está zangado, aborrecido; bravo; furioso: Ficou enfezado com a mulher por causa do feijão salgado. [ antôn.: Antôn.: calmo, tranquilo. ]

2. Que é genioso, irascível: Era um tipo brigão, enfezado. [ antôn.: Antôn.: manso, plácido. ]

3. Que se desenvolveu precariamente; franzino; raquítico: Era um garotinho magro, faminto, enfezado. []

4. Que tem dimensões muito pequenas; acanhado [ antôn.: Antôn.: grande. ]

5. Bras. Diz-se de animal que empaca ou costuma empacar: Eta bicho enfezado!

[F.: Do lat. infensatum.]

No dicionário Houaiss, verifiquei que “enfezado” se origina do verbo latino “infenso” (adverso, inimigo, contrário), ou, ainda, que significa “ser hostil a”.

Para quem estava pensando que tem algo a ver com fezes, veja o que o dicionarista diz: “fezes” vem do substantivo “faex”, “faecis”, que significa “lama, resíduo, sedimento, fezes”. Por aqui, desfaz-se o equívoco que relaciona o adjetivo a fezes!

Interessante ver o que está em: http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/alberto-dines-as-fezes-etimologia/

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Este, esse e aquele probleminha... ???

Amigas, em um encontro rápido ontem à tarde, entre outras conversas, vieram me perguntar sobre os famosos este e esse!

Lembrei-me de um material que havia colocado no polígrafo de um curso que ministrei em fevereiro e março ao grupo do E-tab, uma entidade relevante de Novo Hamburgo, que propicia formação continuada em diversas áreas de estudos, aos seus funcionários. Enfim, resolvi trazer aquela página para este blog e convidei essas queridas amigas a visitarem-no.

OS PRONOMES DEMONSTRATIVOS ESTE/ESSE/AQUELA

Qual a finalidade de uso?

Localizar seres e coisas no espaço, no tempo e no discurso. O uso desses demonstrativos depende da proximidade ou não daquilo a que nos referimos ou com quem falamos, em relação ao espaço, ao tempo ou ao discurso.

Ledur (2009) assim explica:

Espaço: Este livro é meu. (livro está perto do falante)

Esse livro é meu. (livro está perto do ouvinte)

Aquele livro é meu. (livro está longe do falante e do ouvinte)

Tempo: Este ano está difícil. (fala-se do ano em curso)

Esse ano foi difícil (refiro ano próximo, mesmo passado)

Aqueles dias foram difíceis (tempo passado, mais distante)

Discurso: Compramos o material de escritório que segue: clipes, folhas brancas e tinta para impressoras. Esta está já em uso; essas se encontram na gaveta da direita empilhadas e aqueles foram utilizados em documentos enviados para a matriz.

Estes, portanto refere o mais próximo; esses, o intermediário e aqueles, o mais distante na elaboração do texto.

Também se usam

  • ISTO para indicar algo que ainda não foi dito:

Vou lhe contar isto: vou embora desta empresa.

  • ISSO para indicar algo já dito:

Ele guardou todas as folhas timbradas na gaveta da esquerda. Isso (ou essa) foi a única atividade que realizou durante a tarde.

  • Por isso, isso posto, dessa maneira,dessa forma, apesar disso, dessarte:

Em geral, se referem a algo já mencionado, portanto as expressões acima devem ser escritas com SS. Serão grafadas com ST, caso remeterem a algo ainda não expresso no texto: Expressou-se desta forma: - Basta de mentiras! (a “forma” vem depois!)

Na linguagem jurídica, é absolutamente comum encontrarmos a expressão ISTO POSTO. Ocorrem aí dois problemas: primeiro, o pronome ISTO não se refere a tudo quanto foi dito anteriormente; em geral, apenas a uma parte disso, e próxima. Logo, o correto é o uso de ISSO. Segundo, o sujeito do particípio jamais poderá vir anteposto ao verbo, mas obrigatoriamente posposto. Portanto, a construção mais adequada seria POSTO ISSO.

LEMBRAR, ainda, o que Paulo Flávio Ledur, no livro "Português Prático" (2009) anota:

O emprego do demonstrativo depende da proximidade em relação ao espaço, ao tempo e ao discurso;

A atenção ao sentido do texto é fundamental para o uso correto do pronome demonstrativo.